TUDO E NADA

Sou dono do tudo, do nada

do nada e do tudo,

do mundo e do caos,

da casa inacabada,

da sinfonia caiada,

não me iludo ...

me pertence os cães,

as linhas imaginárias,

a fábrica de pães,

me compete receber

todas diárias

da pensão judicial,

tenho permissão

para cometer

arbitrariedades,

marcar com meu sinal,

a fogo e ferro,

barco, trem, avião,

violetas esquecidas,

noites amanhecidas,

os gemidos e berros

dos loucos cafetões.

Sou dono nem de mim,

nem princípio ou fim,

nenhuma das estações,

signos zodiacais,

desígnios celestiais,

Sou apenas

tudo

e

nada.