Meu sonho

Esta noite sonhei com você.

No sonho, um dos mais estranhos e sensíveis e puros que já pude ter, lembrei de você com felicidade.

E quis te ligar. E o fiz. Como naquelas vezes em que sentia o mesmo, e sempre, e muito, e tanto... que te ligava e ficávamos horas a conversar...

Naquelas horas em que, separados, pensávamos se um dia seria possível, juntos, próximos, quentes, sentirmos o toque da pele, os seus lábios, o calor de seu respirar... ver o seu sorriso, os seus olhos, o seu olhar...

No seu corpo, seu toque. Um abraço, aperto, volúpia...

Mas estávamos separados...

Mas, pelo telefone, sentíamos-nos juntos. Muito!

Sensível.

Como nas vezes em que sussurrávamos palavras e nos embriagávamos com o prazer que emanava de nossos corações.

E eu sonhei com você...

Seu telefone tocava...

Ludibriado pelo açoite, afastado pelo medo, machucado pelas dores...

Angustiado pela incerteza, punido por mim mesmo...

Cobrança. Preocupação. Responsabilidades...

Mais medo. Como um dado jogado na mesa, esperando cair na face de nós dois, com outras tantas dizendo: não!

Um jogo.

Onde muito se ganha, outro tanto se perde. Onde poucos ganham. E muitos outros perdem. Mas éramos eu e ela. E tantas incertezas...

Mas o desejo era mais forte. E a esperança de outros dias. Melhores, melhores. Melhores...

O telefone tocava.

E, no meu sonho, você não atendia.

No meu sonho eu, acordado no meio da noite, ligando para você. Onde está você??

Foi quando, neste sonho, ouvi o tocar.

Você estava logo ali, dormindo ao meu lado, e eu ligando para você. E você ali. Do meu lado! E o telefone tocando... A mais estranha sensação que pude sentir.

Porém... não mais estranha do que quando acordei.

O telefone não mais tocava.

Mas eu o vi. Ele estava ali.

Ao seu lado...