QUANDO O AMOR ESFRIOU
Quando o amor esfriou
Eu perdi a compostura
Olhos-d’água compuseram
A minha literatura
E a canção que eu cantei
Nunca na vida ensaiei
Antes da terrível agrura
Numa visão de amargura
Eu passei a espiar
Não havia céu azul
Não havia verde mar
Só gelo no coração
E uma desolação
Na brancura do lugar
O corvo de Edgar
Agiu feito estricnina
A fala do infeliz
Era amplificando a sina
E até o artista plástico
Fez o meu sofrer elástico
Sem sol nem terebintina