SOB O DULÇOR DO TEU OLHAR
Antes que anoiteça
e a coruja pie nos galhos do ambu,
feliz por contemplar a lua no céu,
vou entrar no meu barquinho de papel
e navegar no mar profundo dos teus olhos.
Ah, como amo fitar os teus olhos...
São como duas estrelas da Urça Maior,
cravando-me como quem quer adentrar por minh'alma
e desvendar segredos que nem mesmo possuo.
Não possuo mistérios para ti, amor dos meus olhares!
E enquanto a noite cai em brumas e mistérios,
e a coruja pia insistentemente no galho do ambú
tenho a crença de que teus olhares possam
exigir de mim entregas que nunca ousaria negar-te.
Jamais negaria à ti cousa alguma!
... Mas o sol se pôs há poucos tempos ainda,
e a noite é apenas uma menina que brinca nos lençóis
brancos de algodão na sua cama de princesa.