Daqui a três dias

Daqui a três dias

Daqui a três dias seriam dez meses.

Quanto tempo é o tempo para ser feliz?

As culpas se espalham agora no ar.

Quem errou diz que sempre acertou.

Quem acertou não reconhece que errou.

Então veio o vento e levou tudo embora.

Então veio o tempo e desfez a história.

E desfez o plano e desfez o sonho.

Daqui a três dias seriam dez meses.

Mas daqui a três dias não existe mais.

Daqui a três dias é como se nada existisse.

Pois veio o ódio acabou com brandura.

Pois veio a raiva e acabou com a ternura.

Talvez esqueça o que não pode esquecer.

Talvez sorria escondendo a lágrima.

Talvez diga que foi bem melhor assim.

Talvez beije outra boca fingindo amor.

Talvez até diga que o outro morreu.

Ou o enterre ainda vivo no coração.

Ou talvez os dez meses tenham sido nada.

E o que começou não se soma na estrada.

Talvez os três dias sejam de esquecimento.

E o resto da vida seja para cuspir no prato.

Ou fazer de conta que o outro é verme

E pisar no outro com a sola da injustiça.

Mas ninguém acaba e apaga o tempo

Os quase dez meses dez meses serão.

A pessoa se esquece mas fica a memória

Do amor amado e que tanto se deu

E pelo que o destino lhe reserva na vida

Ainda vai sentir a saudade do outro

E perguntar a si mesmo por que foi que perdeu.

Rangel Alves da Costa

blograngel-sertao.blogspot.com