INCISO

Se por acaso você sentir saudades de mim

Não se acanhe, olhe no rosto das pessoas

Poderei estar em algum olhar

Algum andar, algum gesto sensual

Numa bela cútis de um príncipe encantado!

Procure no vento o meu cheiro

Quando ele trouxer a brisa matinal

Esvoaçando seus cabelos

Brincando com seu vestido

Extraindo de ti um sorriso amarelo

Veja na solidão se eu me encontro lá!

Não esqueça também de fazer uma diligência

Nas águas cristalinas que brotam das fontes

Que serpenteiam nos rios e formam cachoeiras

Eu poderei estar nessa queda

Afogando meu coração

Vá até as cavernas escuras

Poderei estar arraigado

Avistarás o ermo em que vivo

Um morcego na multidão

Solitário ser noturno

Quando das nuvens vier

Gotículas de encontro ao solo

Poderei estar caindo

Formando um turbilhão

Navegando acolá do horizonte.

Se por acaso você sentir saudades de mim...

Eu estarei aqui

Invisível como o ar

Inciso no soturno

Escondido em um poço salgado

Dentro do mar

É...

No mar até poderei estar

Oculto entre algas e corais

Aonde a sereia não vai

Nas lágrimas do meu soluçar

Quem sabe me acharás

No alto de uma montanha

Brincando com as nuvens

Passeando pelas estrelas

Ébrio na imensidão

Sumo do meu lamento...

Poderei estar na profundidade

Talvez no universo

Basta não olvidar

Num dado momento de segundo

Povoarei seus sonhos

Inciso poderei estar...

Onde quer que você vá

Observando há vestígio de mim

É que sou feito da natureza

Colorido e com cheiro delicioso

Onde só enxerga quem me ama

Quem me ama é por mim

Vive me pavoneando

Tem em mim sua onipresença

Neste peito golpeado

De amor entusiasmado

Todavia se me encontrares

Estarei ferido

Longe bem escondido

Procurando não te ver

Para você não me ter!

OSIASTE TERTULIANO DE BRITO

01/11/2013

Loanda – Paraná

Osiaste Tertuliano de Brito
Enviado por Osiaste Tertuliano de Brito em 25/04/2017
Reeditado em 25/04/2017
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