Último dia (?)
Garras cravadas na areia
Águia indecisa no deserto
Agarra-se a possibilidades
Alimento escasso
Água finda
E à frente
A imensidão do firmamento
A fatalidade do precipício
Ziguezagueia lentamente
As vezes olha o céu em busca de ar
O precipício tão próximo a lhe confundir
Treme
Recua
O estômago aperta
Olha em vão para o chão quente
À frente
Alimento farto
Ou fadada ao fracasso
Como?
Como abrir suas imensas asas
Às incertezas
Águia bela e poderosa
Experimentando a indecisão
Num heróico esforço
Forjando o medo
Se precipita ao precipício
Sua cabeça é um turbilhão
O corpo pende
A gravidade e o silêncio
Pedras
Parcos galhos
Pedras
E o peso
Sentido dos dias
O ar
Preso
Num ímpeto natural
Abre as asas absurdas
Ao mesmo tempo em que o vento
Seca-lhe a lágrima
E sobe
E sem certeza
Plaina sobre a imensidão
Do céu
O ar
Rarefeito lhe atordoa
Ainda
Só plaina
Sem saber