Um pouco de Você

Das coisas do meu passado

É tão pouco o que resta em mim

Somente parcas crenças. E algumas lembranças

E um andar sem fim

Nos longínquos

Subterrâneo da m'alma

O meu corpo jaz sem esperança

Eu deixei há tempos no chão meu coração

E também a alvorada que outrora acariciava a minha face

Hoje é somente beijada pela decepção

Mas minha alma não se encontra

Não há flecha que a transpasse

É uma nave que não se revela

Mas se amenos se revelasse!

Serenamente. Deixo a noite

E meu olhar tomar conta da minha janela

É a lua que ameniza a escuridão

Quase tímida é ela

É só a tênue chama de uma vela

Através dela eu vejo a beleza

De imensas flores amarelas. E um jardim

O aroma me envolve como as nuvens cinzentas

É um manto de contas ou de jasmins.

E nesta alma eu me perco em sofrimento

E em tormento quase chego a soluçar

Talvez toda esta dor seja pequena

Misto de uma tristeza amena

De um rio sereno que sabe que seu destino.

É morrer no mar

Mas esta angustia me escraviza

É uma folha que no vento não se deixa balouçar

Com meus dedos toco estrelas e o seu brilho profetiza

Quando ira se libertar

É pouco o tempo que resta

Não verei no amanhã o alvorecer

A brisa morna faz zunir todas as arvores da floresta

E o que me resta é tão pouco

Mas este pouco

É um pouco de você.

alexandre montalvan
Enviado por alexandre montalvan em 20/12/2016
Reeditado em 03/01/2017
Código do texto: T5858808
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