Das coisas do meu passado
É tão pouco o que resta em mim
Somente parcas crenças. E algumas lembranças
E um andar sem fim
Nos longínquos
Subterrâneo da m'alma
O meu corpo jaz sem esperança
Eu deixei há tempos no chão meu coração
E também a alvorada que outrora acariciava a minha face
Hoje é somente beijada pela decepção
Mas minha alma não se encontra
Não há flecha que a transpasse
É uma nave que não se revela
Mas se amenos se revelasse!
Serenamente. Deixo a noite
E meu olhar tomar conta da minha janela
É a lua que ameniza a escuridão
Quase tímida é ela
É só a tênue chama de uma vela
Através dela eu vejo a beleza
De imensas flores amarelas. E um jardim
O aroma me envolve como as nuvens cinzentas
É um manto de contas ou de jasmins.
E nesta alma eu me perco em sofrimento
E em tormento quase chego a soluçar
Talvez toda esta dor seja pequena
Misto de uma tristeza amena
De um rio sereno que sabe que seu destino.
É morrer no mar
Mas esta angustia me escraviza
É uma folha que no vento não se deixa balouçar
Com meus dedos toco estrelas e o seu brilho profetiza
Quando ira se libertar
É pouco o tempo que resta
Não verei no amanhã o alvorecer
A brisa morna faz zunir todas as arvores da floresta
E o que me resta é tão pouco
Mas este pouco
É um pouco de você.