CREPÚSCULO
Quando em meu corpo tocaste,
a tez de tuas pétalas prazerosas
e a minha pálida boca beijaste,
fluiu em mim um rio de rosas
que hoje desagua na saudade.
A névoa orvalhada que deixaste,
cingida à luz do fulgor da aurora
e tudo aquilo que me dedicaste,
hoje dentro de mim, chora
em atroz e silenciosa sonoridade.
Meus olhos feito astro flamejante
antes luzidos de flavos pirilampos,
hoje regam de tristeza gotejante,
lira de teus luminosos campos
onde floresce minha insanidade.
Oh, Deus! Clamo a Ti o meu grito:
se for morrer de paixão novamente,
antes de partir para o céu infinito,
entrego-te a alma de amor doente
chorosa de tão triste enfermidade!