As mãos tocam o teu retrato

Quero conhecer-te melhor

desenhar teu mapa

e tudo que me escapa

do teu universo.

O teu verso e o inverso.

O teu mais e o teu menos.

A chama do teu verão

e a chuva do teu inverno.

Tudo que vem do âmago do teu eterno,

o teu deslumbramento

e a fusão dos sentimentos.

Minhas letras prestes à poesia

e a poesia próxima à migração.

Caminho sempre ao teu encontro

e um azul faminto dá cor aos meus passos.

As palavras saem acima da fome de escrevê-las.

As mãos tocam o teu retrato na parede.

Verde

se torna o centro do dia

e minha boca flutua

sobre tua pele nua.

A rosa vermelha se funde no amor

macio é o tato na pele e flor.

Sou um homem comum de ossos e esquecimento

que a vida sopra dentro

e me faz caminhar.

Sou o homem que oferece o braço

e o abraço que faz o laço, que me apoia em ti.

Não turvo as águas e a paisagem.

Estou de passagem. .

Sou um homem comum

que vê o fundo, acende o sangue e as lembranças.

Que sente o desatino do mundo.

O vento empurra a minha tarde

e o que arde.

Sou o homem

que o amor não mudou.

Sou o homem

que tenta chegar ao jardim

onde as açucenas pulsam.