Somos dois, somos tudo

Duas árvores se juntam

para sentir o vento,

sua mensagem e ânsias.

Adiante, areias brancas

perfazem o contorno.

Aves em movimentos acelerados

deixam sombras rápidas.

Nada nega o que alça direção

então

eu escolho o meu mundo

e tudo pertence ao íntimo.

Janelas sempre abertas

deixam entrar o instante,

que despeja fome.

A despedida

some

o sorriso

trama

o olfato

chama

o teu cheiro

clama.

Pálpebras invadem

teu signo, tua sede,

o dia vislumbra luz

e o amor continua

agora e antes.

Os passos, a sequência.

A vida proclama urgência.

Estão sempre nascendo

dedos de busca

na mão do tempo

e asas de memória

também voam no mesmo sentido,

nada descabido.

Tudo ansiante.

O vento e sua liberdade.

Chega até mim, um sumo doce.

A mão ainda acena deslumbramento,

susto

o que fosse...

O que vem contra

não tem voz,

mudo.

Somos dois

e somos muitos

somos todos,

TUDO.