A rosa da noite
Como quem ganha
tudo em nada.
Como quem perde
nada em tudo.
Como quem vem
e vive.
Como quem vai
e morre.
Como coisa suave
e perto.
Como coisa
que dorme longe.
O costume
de sonhar.
A vontade
de ficar.
Uma canção intemporal
acalenta os sentimentos adversos.
A união se torna abrigo
e o doce ar da manhã
traz o torvelinho que aproxima.
É a sina.
E nesse mar de memória,
as mãos desfazem a espuma.
Fecho os olhos
e vejo o mar na sua eternidade.
De verdade...
só caiu
a cinza do que foi queimado,
os números que não somaram,
as letras que não disseram,
e as palavras que não pesaram tanto.
Por enquanto,
fica-me
a vida,
o amor,
e a rosa da noite.