Quando eu morrer repousarei em ti
O amor foi se abrindo misteriosamente e encantador
Enquanto eu tateava suavemente o ventre e os seios.
Pétalas eram o anúncio.
Vivíamos em busca do imperecível.
Éramos a centelha que fecunda encantação.
O pássaro e o vento cálido guardavam nossas manhãs e o instante dos amantes
Esses momentos traziam a noite e o brilho das estrelas.
No nosso céu voavam andorinhas inquietas
e o nosso mundo despertava os segredos da emoção e da carne satisfeita.
Os pelos roçavam desejos e a busca dos teus braços derramava claridade.
Respirávamos a madrugada silenciosa, enquanto lá fora as árvores trocavam odores
E o vento fremia entre as folhas.
Fazíamos entre nós uma transfusão de seiva e sentíamos a luz como antônimo da treva.
Amor e segredos dividindo glórias e medos.
Coisa que nunca finda escorre linda.
O que busco em mim é amar-te
O que busco em ti é buscar-te.
Te darei minhas auroras
Soprarei ao vento as minhas horas
E esquecerei os meus emboras.
Estarei sempre a tua procura
Na lucidez da entreloucura.
Por que sentimo-nos felizes
Num simples esfregar de narizes.
Ficar sozinho não é solidão
Solidão de verdade é a de quem não ama
E te amarei, além do sangue.
Quando eu morrer, repousarei em ti.
“O amor é uma companhia.
Já não posso andar sozinho.
E não sei andar sozinho.” Fernando Pessoa.