O céu e teu nome
Dor doída,
Desavinda companheira
Agora
Fica fora.
Não tem lógica o ouvido
Que escuta o sem-sentido
Muitas vezes perdi
Na superfície da minha distração.
No terreno das intermitências
Na procura das evidências
No encontro da voz com o timbre.
O que eu vislumbrava, as folhas cobriam
E o por acaso, desenhava os acasos.
O tempo gasta e desgasta.
Só a alma fica densa.
Vivia como pássaro estabanado
Em árvores arrogantes.
Pensávamos e agíamos diferente
E nos doutoramos em nossos erros.
Hoje respiramos conversas e confidências
Entre os lençóis.
E o que não sentimos mais
Embrulhamos e colocamos o embrulho
Embaixo da cama.
E o coração retempera a feiura do mundo.
Um pássaro pousa num galho noturno,
Enquanto cavalgo
Meus gestos,
Manifestos.
Nesse sortilégio
As mãos juntam o fascínio
E colam no rosto em festa.
Tua voz debulha o dia
Dá-me a energia
E povoa-me de violetas e céu.
Um véu
De transparência,
Mostra a moradia e a mesa.
A inteireza
Da paz vertiginosa.
Teu sangue repousa no meu
e na simplicidade sem fim
Erigimos a taça dos amantes
e brindamos o amor
Com duas asas novas.
Construímos cantos e literatura,
Na manhã, na tarde e na candura.
O beija-flor, ainda mora no jardim
E um jasmim intransigente
Deixa fragrância.
Dois de outubro, como um marco,
Mostra o rosto inamovível,
Imperdível.
O sopro da flauta permanece
E aquece
O sempre encontro.
O abraço, o céu e teu nome.