À meritocracia do amor
Por trás desses cabelos,
tanta timidez quanto desejo;
tão menina quanta mulher;
a se perder por um beijo;
a se firmar quando quiser;
a sorrir-se para emudecer;
a cerzir-se para conquistar,
ou o contrário pode acontecer
na sua vontade de imperar.
Assim é a mulher amada
em toda sua essência;
Tão minha dona ou possuída;
A me tocar em cavalgada
ou deixar-se à inocência,
ilusão no tempo dissolvida.
A se perder na sua paixão
ou ganhar-me no deserto
de um quarto, sua solidão,
meu desespero, por tê-la perto.
E tão longe sou desse sonho,
se conquistá-lo, de certo, valerá.
Mas sem sofrimento medonho,
qual mérito me acusará,
senão a sorte de ser escolhido
na coincidência entre sorrisos,
ou tímidos olhares, deveria ter dito?