Nossa dança
Ah, por que não me dizes
o porquê de avançares
quando já pensava fugido,
o porquê de devassares
quando me pensava protegido?
Por qual artimanha
armas tuas manhas
e me apareces
desarmando-me
e me enlouqueces
ainda amando-me?
Por qual lapso falas
em meus ouvidos
se te escuto pelos olhos
e te devoro pelos sentidos
quando nem estás
e apenas me prometerás?
Por qual pena me escreves
e se passo tuas linhas
em curvas sem compasso,
angulo-me em teus traços
e lábios de geometria seca
quando olhas e me cercas?
Ah, por que não me dizes,
em tuas manhas armadas,
sem que te ouçam meu olhos,
em teu passo fugidio.
Por que me reapareces
e me rendes em tal ardil?