O café está frio
Já se foi o inverno, chegou agora o verão
Porém, não tão quente quanto aquela época em que tinha você para deitar sobre teu peito só para ouvir teu coração
É seco, com pouca umidade, o ar está rarefeito
E eu que um dia pensei que nosso amor seria perfeito
O café já esfriou, você não veio tomar
Esqueci que tudo há muito acabou, só os hábitos que não consigo tirar
Lá fora o vento sopra fazendo redemoinhos
E eu rodeio dentro de mim mesmo por de novo ficar sozinho
Só mais uma xícara daquele café que agora desce amargo
O açúcar acabou, não queria adoçante, dizem que sempre enjoa amores muito adocicado
Você foi aquela que saiu e levantou sem nada a dizer
Bateu a porta, mas aberta ficou comigo ali sem nada entender
Como tempestade que se forma assim de repente
E aquela pescaria no mar teve que ser mudada sem a vontade da gente
Em tempos que tecnologias estão a todo uso a mercê
Abri uma gaveta e reli todas aquelas cartas que um dia fez questão de escrever
Risos de canto, lembranças em cada verso
Hoje porém, um poeta perdido na imensidão do universo
Encontrei um cartão de memória, por acaso dentro da minha carteira
Por pouco joguei fora, mas ali não tinha nenhuma besteira
Eram tesouros, seus sms que a dois anos atrás me escrevia
Reli como se fosse ontem, eu com um velho celular que te sms escrevia
Não tinha este tal de whatsapp, era tudo mais demorado
Mas as respostas quando vinham parecia te sentir do meu lado
Hoje, tentei avançar com a tecnologia, só não avancei mais com você
E quem mesmo diria, algum dia pensaria em te perder
Enfim, como um Triste Fim de Policarpo Quaresma
Vou me guardar neste dia, entregando-me numa reza
Enquanto a vida, esta já nem me interessa
Exceto a profissional, esta é uma longa remessa
Já os sentimentos, como não posso apagar
Reeditando aos poucos deixando a vida me levar