Dois namorados

Dois namorados, nus, no meio da madrugada

Janela aberta

Lua inquieta, iluminando corações se descobrindo

Dois namorados...

Nunca vi melhor retrato

Se eu tivesse que exemplificar cumplicidade

isso seria a melhor forma

Dois namorados...

Janela mais que aberta...

Escancarada

Lua louca, iluminada pelos amantes

Dois namorados...

Instantes de descoberta

Serena noite...

Calmo beijo, revelando princípios de amor

Amor que faz sentido

Que se parece com aquilo sugerido nos filmes românticos

Amor quase bíblico

Verdadeira entrega de almas

Amor que é grito silencioso

Lágrimas depois do sexo

Amor... amor... amor...

Reflexo do espírito em busca

Agora guardado pelas mãos do sentimento

Dois namorados...

A sede do mundo

Ali parados

Mal sabem o que os espera

Mas afundam no desejo de serem únicos

Sementes de dias melhores

Pousados

Profundos

Como flores anunciando a primavera

Amados como dois tesouros expostos

sem medo de assaltos

Alados como duas crianças

sem medo de saltos

O melhor retrato

O melhor fato pra ser noticiado

no jornal da tarde

Os dois namorados... a cumplicidade

Que a cidade saiba...

Se é que ainda não soube...

Ali estão eles com a certeza

de que o sonho coube

na beleza do amor feito com cautela

Construindo-se aos poucos

com as promessas feitas na janela

Amor de loucos que não se importam

de serem bobos diante de todos

Amor de poucos

Amor de tolos

Amor pra sempre

Semente de outros amores

Amor, amor

Início da colheita das flores

Amor, amor

Sem espaço para as dores

Dois namorados, dois destinos

Lado a lado

vestidos de sonhos

Invejai-vos, mundo!

Quisera ser como eles

Com tempo pra perderem tempo um com o outro

Tempo de ser feliz

De fugir do triz

e acertar perfeitamente o coração

Dois namorados:

O céu no lugar do chão

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 13/08/2015
Código do texto: T5344798
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