Dois namorados
Dois namorados, nus, no meio da madrugada
Janela aberta
Lua inquieta, iluminando corações se descobrindo
Dois namorados...
Nunca vi melhor retrato
Se eu tivesse que exemplificar cumplicidade
isso seria a melhor forma
Dois namorados...
Janela mais que aberta...
Escancarada
Lua louca, iluminada pelos amantes
Dois namorados...
Instantes de descoberta
Serena noite...
Calmo beijo, revelando princípios de amor
Amor que faz sentido
Que se parece com aquilo sugerido nos filmes românticos
Amor quase bíblico
Verdadeira entrega de almas
Amor que é grito silencioso
Lágrimas depois do sexo
Amor... amor... amor...
Reflexo do espírito em busca
Agora guardado pelas mãos do sentimento
Dois namorados...
A sede do mundo
Ali parados
Mal sabem o que os espera
Mas afundam no desejo de serem únicos
Sementes de dias melhores
Pousados
Profundos
Como flores anunciando a primavera
Amados como dois tesouros expostos
sem medo de assaltos
Alados como duas crianças
sem medo de saltos
O melhor retrato
O melhor fato pra ser noticiado
no jornal da tarde
Os dois namorados... a cumplicidade
Que a cidade saiba...
Se é que ainda não soube...
Ali estão eles com a certeza
de que o sonho coube
na beleza do amor feito com cautela
Construindo-se aos poucos
com as promessas feitas na janela
Amor de loucos que não se importam
de serem bobos diante de todos
Amor de poucos
Amor de tolos
Amor pra sempre
Semente de outros amores
Amor, amor
Início da colheita das flores
Amor, amor
Sem espaço para as dores
Dois namorados, dois destinos
Lado a lado
vestidos de sonhos
Invejai-vos, mundo!
Quisera ser como eles
Com tempo pra perderem tempo um com o outro
Tempo de ser feliz
De fugir do triz
e acertar perfeitamente o coração
Dois namorados:
O céu no lugar do chão