PERPLEXIDADE
Fico aqui, parada,
Olhando as pessoas indo e vindo
Com seus problemas enormes,
Sua felicidade miúda,
Seu sonho impossível,
Suas insatisfações palpáveis.
Aqui dentro de mim
Vislumbro certas novidades aterrorizantes;
Reencontro com grande susto umas coisas antigas
E me apavoro fácil
Diante daquilo que é fugaz e monótono.
Sou poço escuro
Profundo, perigoso, obtuso.
Sou o carrasco
De toda a dor que minha alma suporta
Não há limite para minha fraqueza
Tampouco remédio para tanta agonia.
Nesse mistério em que me findo
Não consegui encontrar-me ainda
E nesse fosso me afundo mais
Numa epifania triste
De tanto amor
De toda a loucura que existe
E só aprofunda mais
Toda a miséria e lástima que inunda meu peito.
Te esclareço que não tenho a chave do segredo
Mas deixarei para trás
Todas essas mágoas e angústias
Que tua ausência me traz.
Há tanta doçura em teu silêncio…
E pouco entendo das histórias que tuas digitais
Escrevem em minha pele.