Amargura
Foi no negro dos teus olhos que me encontrei
E depois me perdi.
Em tuas mãos acesas
Vi mundos renascerem
Acreditei em mágica
E em céu.
No gosto da tua boca vi esperanças ressurgirem
Vi distâncias terem fim
Conceituei felicidade.
Desbravando teu sexo, conheci meu lado mais santo
E o mais impuro.
Fui obscena, fui saudade,
Fui causa perdida
Fiz pouco caso;
Vivi tempestades, senti silêncios.
E absorvendo teu suor,
Tua saliva, teus líquidos férteis
Fiz-me fêmea de tuas loucuras
Fui devassa de nossos desejos
Anjo de nossas desilusões.
Não aplaquei teus dilemas…
Agora, vejo-te lamentando as ausências.
No maior inconformismo, na mais silenciosa agonia,
Unimos nossas almas, sonhamos,
Perdemo-nos...
Fui o porto seguro de onde teu desamor partiu.
Desamor não, engano.
Numa das voltas da vida te fiz minha mulher…
E hoje amargo o gosto dessa solidão.