Antítese do AMOR

No dia seguinte,

Tudo aqui é paz,

Aurora rendendo-se às luzes coloridas do arrebol.

Pássaros que gorjeiam,

Folhas que farfalham,

Perfumadas e irradiantes flores primaveris,

Águas espumantes e chiadas em cascatas e cachoeiras,

Morno sol vermelho-ferruginoso pela manhã,

Céu azulado no decorrer do dia,

Naus valsando as águas cálidas e mansas do remanso,

Extraordinário retumbar crepuscular clamando pelo vento minuano de fim de tarde.

Noite, que embora guarde segredos em seu recôndito, solícita e convidativa,

A brisa perene,

Nuvens espessas como algodão levitando no firmamento,

Estrelas cintilantes circundando a lua vaga,

Lua vaga e esplendorosa, parecida gigante aprazível e gentil;

Profundo silêncio: inspiração dos poetas.

Em segundos será meia noite e o hoje terminará;

Todavia, mesmo que amanhã seja tão belo, aproveitável e com tempo estável como hoje,

Ainda assim, relutando em dizer, estará incompleto.

As incomensuráveis belezas da Natureza são impotentes, não são nada, quando se ama de verdade!

Então meu caro amigo e nobre leitor,

Não me pergunte por quem os sinos dobram;

Nem porque a Terra gira em torno do sol velozmente;

Muito menos porque se demora nove meses para nascer, anos e anos para crescer e rápido para morrer.

Não especule como e porquê do orvalho e o nevoeiro se formarem;

Também não me pergunte por que ela se foi:

A ciência, a Filosofia, o sentimento e a emoção são grandes demais para responder as ínfimas coisas do coração.

Amargurado, dilacerado, arrasado, tenho que admitir:

Ela se foi e - até o momento - pronto!

Eu a amo como os colibris e abelhas amam as flores,

Como o sorriso do recém-nascido em agradecimento ao leite materno,

Aquele seu sorriso despojado - e não necessitava de mais nada - era o meu duradouro bem estar.

Eu a amo com o mais puro e tenro sabor do amor:

Sem mácula,

Sem devaneios,

Sem culpas e desculpas,

Amor primeiro e único.

Que saibam todos,

Escrevo tudo isto no presente do modo indicativo,

O que sinto agora,

Neste instante,

Nada no passado.

O que ficou no passado, passou;

Contrário de meu amor por ela,

Que o daqui a pouco,

Não passará jamais.

Fazendo me entender melhor:

para quem ama,

O amanhã será o hoje.

O hoje,

O agora,

O presente,

Serão eternamente o futuro.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 25/03/2015
Reeditado em 05/04/2015
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