Provados Beijos
Ainda que o escarro,
Venha afrontar minha face,
Nos versos do poeta astro,
Digo que muito a pena vale.
Se por cada beijo doce,
O amargor do desprezo,
Que ácido tudo de bom fosse,
Para realizar os nossos desejos.
Pergunte se Romeu ou Julieta,
Renegariam a emoção do sentir,
Para evitar a tragédia funesta?
Que graça teria o Shakespeare?
Renegar a boca pelo hálito,
Como se viver fosse eterno perfume,
Mas sabemos que jardins raros,
São cultivados em meio aos estrumes,
O coração invadido por emoção,
Sofrerá a ingratidão no futuro,
Mas aquele infinito que é a paixão,
Faz valer a pena o remoto segundo.
E se o cuspe vier com fel,
Lembre-se da boca macia,
Faça da baba o mais puro mel,
Mesmo com sabor de nostalgia.
Prove os beijos,
Como segredos revelados,
Vivendo sem o medo,
Daquele futuro escarrado.