A ALMA TEM CAIS PARA AS BARCAS DO SILÊNCIO
A dor que doí és o amor que adoras.
Se sonha a volta do cais da alma
A fala nua no rosto que acalma
Esse repetido segundo que choras.
Os primeiros beijos, o metrô que passava o tempo
Há tantos acasos nos laços do embaraço
O espaço sensível do fim em mim
Comido ao sabor do sopro na boca que temo.
Alvorecer as horas deliciosas ociosas
O canto incerto do silêncio me faz
Infinito como um segundo há mais
No agora, ontem das coisas que não são coisas.
Ela volta, chora, escuta lá fora
Bebe, aflora e anseia os céus
Ama o que perdeu e devora
Esconde, quando mostra agora.
O espelho solto vestido em minha alma
O primeiro som do coração ao lado
Desejo no meu peito sentido volta
Por ela impelido, atado em chama.
De Poeta das Almas - Fernando Febá
Fernando Henrique Santos Sanches