O SIM
O meu pedido era sincero e cheio de bem querer, sem qualquer malícia.
Não. Eu nada tinha programado e nem ensaiado palavras bonitas e rebuscadas para dizer.
Falei claramente embora numa linguagem primária e até brejeira face à minha pouca escolaridade.
Tudo o que eu queria era ouvir um sim daquele ser ímpar cuja beleza superava todas as expectativas de um simples camponês tal como sou.
Não obstante as diferenças das nossas classes sócio-econômicas, apenas pelo o que o meu coração ditava, eu estava convicto que iria materializar um sonho que há muito rondava o meu travesseiro.
Sem exageros lhe falei das flores mais exóticas isoladas nas montanhas quentes próximas a antigos vulcões; falei daqueles lindos cactos próprios do deserto e também da flor de Lótus nascidas no meio do lodo muitas vezes nas águas de lagos gelados dos pantanais do Alaska.
Falei da beleza contagiante da lua cheia no seu ápice derramando o seu clarão sobre o mar e as areias brancas das praias em noite de verão.
Claro, lembrei do nosso Rei desfraldando a madrugada sob algum ponto no lado oposto da lua se escondendo e seu clarão vital para a nossa sobrevivência.
Falei dos pássaros revoando e cantando nas copas das árvores nos mostrando o que é ser feliz quando estamos junto à natureza verde das matas dos bosques e jardins.
E nesse diapasão de pitorescos assuntos, instintivamente a tomei nos braços, beijei-lhe a face carinhosa e respeitosamente e externei tudo o quanto invadia a minh’alma apenas com uma frase simples e comum:
Esse é o meu jeito de dizer o quanto eu a amo. Doravante apenas uma minúscula palavra fará de mim o ser mais feliz do mundo: SIM. Serias capaz de pronunciar agora?
SIM. Também sonhei com esse momento por muito tempo. Vamos viver cada minuto que pudermos juntos exalando o olor das flores da primavera, do verão, do outono e do inverno.
Com essa resposta o mundo mudou-se para dentro de mim. Passamos dali em diante a ser a vida, o mundo e o amor na mais assertiva concepção da palavra.