Preferência
Eu prefiro teu amor desmedido,
ainda que suas doses cavalares
me pusessem em frenesi aturdido,
e te desfizessem pura em gemidos;
nosso gritos, ocupassem os lugares,
como o sol dessas manhãs vulgares...
Eu prefiro o barulho de tua presença,
ainda que não me possa perceber,
entre tuas coxas suadas, nem caber,
meu nome em tuas preces inocentes...
prefiro esse calor quando és intensa,
prefiro antes que prefiras não ser.
Mas se preferes ser a tímida luz
de uma lua rara a se esconder
detrás das nuvens em um dia azul;
se preferes ser o cometa milenar
em sua órbita errática estelar;
Vou precisar de um tempo pra dizer,
Que eu ainda me perco por você.
Mas se preferes ser esse não ser;
Mas se preferes viver esse tédio
que é ufanar-se da própria vida;
que é profanar-se de receios
e ainda contagiar-se sem remédio,
Vais se perder, minha doce querida.
E eu, que prefiro não me ser
para que existas ainda em mim;
para que insistas ainda em viver;
para que sejas mais que um poder;
Eu me esvazio. Eu me deixo assim,
como quem nunca esteve aqui.