LENITIVO
Naquele ser delicado cheio de ternura e beleza os meus olhos se fixaram longamente.
Aquela figura andava ereta e confiante, mas nunca arrogante como um manequim desfilando na passarela.
Não. Ela não era soberba e não sorria desdenhando de ninguém. Apenas esbanjava carinho e afeto aos que a rodeavam.
Uma imagem típica e digna de uma tela para fazer inveja ao mestre que imortalizou a Modaliza.
Os meus olhos perplexos a seguiam a cada milímetro, buscando-a para mais perto conjecturando a mínima possibilidade de abraçá-la.
Eu viajava mentalmente procurando nas nuvens e no espaço uma resposta para um turbilhão de divagações que invadiam minh’alma.
E o milagre aconteceu. Num abrir e fechar de olhos aquele encanto de ternura estava ao meu lado me beijando levemente os lábios, dando-me as mãos e me convidando para passear.
Quase perdi os sentidos. Era como se fosse um sonho. Custei para me recompor tamanho a minha surpresa.
Assim nasceu o nosso amor. Ali a minha vida passou a ter um sentido maior. Afinal, amar e ser amado sempre foram e serão o melhor lenitivo para as amenizar as aflições de um ser humano.