EU, MEU PAI E O TEMPO
Te vejo hoje, meu pai,
através da névoa
dos 22 anos decorridos
desde a tua partida.
Névoa que embaça
as poucas mágoas
ainda não esquecidas
mas, também, realça
as incontáveis alegrias
do tempo de convívio.
De ti não me lembro
gigante nem pigmeu,
apenas, um homem bom,
humano na justa medida
das tuas fronteiras;
poderosa influência
que só admiti recentemente,
no desenovelar do tempo,
ao compasso de dores,
que julguei eternas,
e de algumas vitórias:
fogo, martelo e bigorna,
que me modelaram
tal com sou.
Hoje sou teu igual,
o ar sempre sério
nas fotos,
a esconder
o riso fácil
diante dos afetos;
a permanente vontade
de aprender
sobre o mundo,
suas coisas,
suas gentes;
o coração enorme,
que te levou à morte,
mas, que para mim,
sempre foi bússola
e norte.
- por JL Semeador de Poesias, na Lapa, 10/03/2014, dia em que meu pai Francisco Bispo dos Santos, completaria aniversário -