Eu Leoa, Tu Escorpião!
- Um encontro de Amor –


Vagueio nua pela solidão dos céus...

Voejo de Mundo em Mundo
e à cadência de sensuais delírios
acordo o Cosmos por inteiro
ao barulho do meu cio.
Espalho-me em juba dourada
e rabisco meus sonhos todos
aos deuses escondidos
atrás de cada estrela.

Vagueio nua pela solidão dos céus...

A proteger-me do frio que arrepia
cubro-me ao veludo do pelo
e meio fera e fêmea
estraçalho meus delírios.
Aconchegada à melancolia
afago o vento quente que me excita
o espaço entre as pernas
e o gozo dos deuses soluça no meu peito!

Vagueio nua pela solidão dos céus...

Andarilha feroz perco-me
aos ciúmes do brilho estelar
que sensual perfura as nuvens
e vai deitar-se às águas do oceano.
Guardo no peito uma dor cortante
que se mantém à esperança infinda
de ser una em alguém,
de rugir-lhe em paixão.

Vagueio nua pela solidão dos céus...

Procuro-te pela noite inteira
e ao amanhecer, sendo vã a procura,
acalmo meus desejos insanos
à nudez da própria língua.
Nesses momentos de mortal prazer
meneio a cabeça e lanço-me à frente,
certa de encontrar-te - companheiro de amor -
pelas frestas de um desejo divinal!

Vagueio nua pela solidão dos céus...

Em algum lugar deste Infinito
esperas-me solitário.
Desejas-me sem me saber quem sou,
conheço-te sem te saber quem és.
Sigo meu aguçado faro,
imprimo à boca o meu batom felino
improvisado às cores da madrugada
e saio a rugir pelas constelações.

Vagueio nua pela solidão dos céus...

Sacio minha sede de sedução
aos espectros do pensamento
e do meu fado sugo o ardor
que exala de poros desconhecidos.
Recolho cada lágrima
vertida na ânfora do destino
para ofertá-las sob a forma de risos
ao senhor das minhas quimeras.

Vagueio nua pela solidão dos céus...

Por buscar-te e não ter,
por querer-te e não ter,
gemo embrutecida
a arrastar meu sexo pelas nuvens.
Excito-me à maciez do eterno
até que meu orgasmo sólido
escorre pelo átrio do céu,
solitário e dorido, quente e apaixonado.

Vagueio nua pela solidão dos céus...

Busco-te... busco-te...
e pela saga da procura,
por tanto procurar-te no Empíreo,
encontro-te na Terra.
Rondo teu ninho,
pressinto teus desejos
por lugares inadmissíveis
à minha natureza.

Frente a frente,
desnudo-me em beleza,
sou animal pudor e perdição,
mulher e realeza!
Aos encantos da paixão que exaro
na força do meu beijo,
surpreendo... e arranco-te da saliva
a imortalidade de nós dois!

Presa ao macho em domínio
suplico a alforria dos deuses,
para liberta prender-me ao teu enredo
e suster o paraíso deste sonho.
A contradizer as ordens do Zodíaco,
que nos vê alheios um ao outro,
procriaremos estrelas matutinas
ao berço Universal do Amor!

Leoa - quero-te!
Escorpião - tens-me ao teu poder!
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 19/01/2014
Código do texto: T4656424
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