Entre ondas e areia...
Sonho e sinto-me fera
por reptar conjunturas
cominadas ao tempo
vencido pelos navios
que me chegam ao cais
carregados de ilusão
e realidades surpresa.
Oro e alheio-me santa
por negar santuários
entalhados à hipocrisia
parida pelos ventres
que se perdem na areia
encharcada de feiura
e apocalípticas mentiras.
Anseio e perco-me demo
por ofertar pecados
cultivados pelo beijo
nascido aos meus seios
que encantam os mares
lúbricos de prazer
e fatídicas traições.
Meu orgulho esvai-se
em sangue de lágrimas
ajoelhadas às dores
vermelhas do medo
e feiticeira e flor
perfumo um nada dourado
oculto às saudades.
Deito-me lânguida
ao leito incandescente
da quimera onda e areia
e sereia eivo indecente
os lençóis macios da Morte
- única porta aberta
que me oferece a Vida.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 19 de junho de 2010 - 23h03