JEITO DE MULHER
José Ribeiro de Oliveira
Eu vesti a roupa errada
Faltou tua opinião
E saí tão apressado
Por perder a paciência
Na sessão de maquiagem
Que me fez esperar tanto
Sei, era pra te ver mais bela
Mas me prostraste na janela
E quase que desisti
Um processo interminável
Enquanto tão delicada
Suplicava a minha calma
Pois tê-la de qualquer jeito
Não mexia com minha alma
Ora, quanta ignorância
Não previ tua intenção
Que quanto mais bela é,
Percebo que bem mais quer
Alegrar meu coração.
Amor troca essa camisa
Ela não tá combinando.
Isto é besteira meu bem
Ninguém irá reparar,
É um encontro de rotina,
Não precisa se preocupar.
Mas não há persuasão
É da feminilidade
Um gosto, uma sensação
Um rito e necessidade
Cada gesto um destaque
Cada toque um brilho a mais
O vestido mais bonito
O sapato que combina
Acessórios, adereços
Coisa pura, feminina
Justa personalidade
Conjunto de elementos
De momento, de ambiente
De ternura, de emoção
De sentido, de motivos
De celebração do ser
De encontros, de contatos
De olhares, contemplação
De prazer, de gosto, de emoção
Ansiedades e sensações
Que os sentimentos nossos
Não compreendem tal grandeza
Do amor, da delicadeza
De fazer-se mais bonita
Com total desprendimento
Quantas horas reservastes
Polindo tua beleza
Pra aguçar o meu prazer
Destacar-me ao teu lado
E até me fazer notado
Pela sobra do teu brilho
Mas restrito ao meu instinto
Me cegava o teu intento
Pelo stress de uma rotina
Ignorava teu gesto
Mas depois me dava gosto
E completa fascinação
E sentindo o teu perfume
Me sedia aos teus encantos
E me sentia vaidoso
Da tua satisfação
Da sintonia com a alma
De uma beleza imensa
Que aflora com a vaidade
Na plenitude do ser
De sentir-se bem, deslumbrante
Amiga, mulher, amante
Só para nos dar prazer.