O que foi, vento não carrega

tudo foi poesia

um dia

alegria escrita na pele

sangue quente nas veias

gastura de areia

nos poros

os olhos acesos

nudez exposta

sem subterfúgios

refúgios

senhas

segredos

tudo foi entrega

amor e paz

tudo foi poesia

um dia

palavras

despetaladas

baladas

vãs

roídas

carcomidas

feridas

que ainda latejam

tudo era néctar

pétala de flor

cheiros

beijos

intentos

intensos desejos

tudo era palavra

juro

tudo foi à vista

risco

perigo

o que foi ficou

ninguém apaga

fica

vento não carrega

memória

água não lava

mágoa

dor

despeito

não tem jeito