Os Gatos
Com seus miados-miasmas,
Invadem os lares,
Com olhos de doçura questionada,
São perigosos amáveis.
As pupilas dilatas,
Até parecem meigas,
Mas são para caçada,
Guias em noites feias.
Pequenas feras felinas,
Que esbanjam um charme,
De pura aristocracia,
Sua vontade é de autoridade.
Passam em nossas frentes,
Esfregando os rabos nos narizes,
Dos mais recatados e pertinentes,
São chamativos por necessidade.
Os pelos eriçados como protesto,
Lutam e se agridem, depois dormem,
É uma selvageria o seu sexo,
Com gritos e violência, até que morrem.
Antes em bueiros soturnos,
Agora nas fossas desconhecidas,
Saudades desses gatunos,
Que sobem em móveis por comida.
Patas delicadas que estremecem,
Fugindo de banhos alucinantes,
Miam e do horário se esquecem,
Cativam como grandes amantes.
Suas caixas de areia são escondidas,
Não desejam que o pútrido apareça,
São nobres até nas necessidades físicas,
Um bichano não há quem esqueça.
Gatos como lhe somos gratos,
Pela companhia de uma vida,
Independentes e muito safados,
Amáveis e artistas da alegria.