MOMENTOS
MOMENTOS …!
A passo lento, caminho
Na vereda que é a vida!
Olho-me ali , tão sozinho
Abraçado à dor sentida!
Sem rumo, mapa, sextante,
Lavro as lágrimas e solidão,
Sem nada no peito, na mão,
Nem sei se sou pagão ou crente!
Uma foto sem me sorrir
Desafia meu corpo só,
Que mesmo eu tenho dó
Do palpitar ou existir !
Clamo teu nome, imploro
Ao sol que noite seja
Já que a Lua não me beija
E, dilacerado, choro!
Vejo um ninho de melro
Frágil com o passarinho,
Aconchegado, franzino,
Como o coração qu’encerro!
Não sei se sou aquele barro
Que cobre a estrada sinuosa,
Ou manto da orvalhada
Nascida das lágrimas
De estrelas, que brilham sós!
A pedra onde me sento
É a mesma que me recosta
Pensamentos de viagem.
Oh! Caminheiro caminhante,
Vestido no molde do poema
Rasgado no silêncio do belo!
És fresco como o orvalho de pérolas
Que grinaldam a pequena flôr
No crepúsculo da manhã!
Tens no passo andante
Sonhos que não sonhaste,
Ontem sem hoje, tempo sem tempo,
Cascata sem rio, mar sem vagas,
Mas encerras no peito a fé
De Ir mais longe, sem mirar p’ra trás,
Porque além fica o futuro
Da vida que tem vida
Para viver, para navegar!
Coimbra, 2011.06.20
José Domingos
(poema inédito...apesar do tempo passado!)