AVE CATIVA
(Samuel da Mata)
Melhor ter um na mão que dois voando
é o que afirma um adágio popular,
expressa insensatez do ser humano
que, egocêntrico, a tudo quer domar.
Nas mãos do cativeiro o pássaro é mudo,
é triste, arrepiado e sem cantar.
Seu gorjear é pranto seco, absoluto,
pois lágrimas não possui para chorar.
Melhor é mãos vazias e ter à vista,
em graça, em alegria e em esplendor,
contida em doces amarras da conquista
aquela a quem tu chamas: meu amor.
A quem se ama, prende-se com carinho
e é por ternura que se deve cativar.
Então, se dando por inteira, em desatino,
a presa do amor não quer voar.
(Samuel da Mata)
Melhor ter um na mão que dois voando
é o que afirma um adágio popular,
expressa insensatez do ser humano
que, egocêntrico, a tudo quer domar.
Nas mãos do cativeiro o pássaro é mudo,
é triste, arrepiado e sem cantar.
Seu gorjear é pranto seco, absoluto,
pois lágrimas não possui para chorar.
Melhor é mãos vazias e ter à vista,
em graça, em alegria e em esplendor,
contida em doces amarras da conquista
aquela a quem tu chamas: meu amor.
A quem se ama, prende-se com carinho
e é por ternura que se deve cativar.
Então, se dando por inteira, em desatino,
a presa do amor não quer voar.