ESCRAVOS DA LUA



 
 
                    Descobri que a lua não vale nada. É uma alcoviteira que se dá para todo mundo. Para os poetas? Nem me falem. Ela abusa do direito de ser bonita.
                    Descobri que a Lua nunca foi fiel a ninguém. Basta um olhar numa noite sem chuva, e lá ela está toda faceira. Se tivesse dentes, com eles arreganhados. De vez em quando a lua aparece totalmente despida. E nem podemos dizer que é coisa feia, mas sim, lua linda.
                    A lua é volúvel e não gosta de ninguém exclusivamente. Dá trela pra todo mundo. Quem não a conhece pensa que é boazinha só porque é linda. Bem, linda ela é mesmo. Não Podemos negar. A beleza da lua é indiscutível nos quatro cantos do Planeta.
                    E, é exatamente por isso que eu vou me separar e divorciar dessa lua sem vergonha. Penso em me mudar para o Polo norte, me enfiar dentro de um  iglu e quero ver se ela vai até lá me encontrar no meio dos homens do gelo comendo carne de focas.
                    Quero ver se a lua aguentará aquela temperatura a quarenta ou cinquenta graus centígrados abaixo de zero com esse sorriso amarelo como aparece pra gente quando está cheia.
                    Ah! Se ela passar por esse teste não terei outra posição e atitude a não ser a de segui-la em todas as suas andanças e fases de tal forma que não possa me trair com outros.
              Em números redondos serei mais um dos seus bilhões de escravos.