Medo do receio
Medo do receio
Você me satisfaz tão facilmente,
Como se estivesse sempre presente.
É engraçado como a vida nos leva,
Vai andando como já dizia o velho sambista:
“Deixa a vida me levar...”.
Até pouco tempo jurava e morria,
Eis que então surgiu toda essa correria,
E agora estou aqui,
Sendo enfeitiçado pela bruxa do leste,
Que de bem distante vem,
Apenas para um beijo dar.
Vou me escondendo,
Entrando em fantasias e mentiras,
Criando ilusões e confusões.
Onde tudo é verde, azul, cor-de-rosa.
Fugindo da realidade para apenas respirar o seu ar.
Vou me perdendo, me enfeitiçando,
Deixando tantas outras com o coração na mão,
Para outra vez, cair nas garras da paixão.
Vou me sentindo amaldiçoado e abençoado,
Distraído, e destratado, amante sem confessionário,
Vou indo de um canto a outro,
Me entregando e lutando contra meus medos e receios,
Demônios e desejos.
Vou me deixando levar,
Vou inventando motivos pra falar, te procurar,
Sair desse lugar, viajar, só pra poder nesses olhos cinzas me encontrar.
Fico aqui me perdendo, criando quimeras de puro receio,
Tenho medo, e ele vale por nós dois.
Estou ficando louco, paranoico, querendo criar uma realidade que não existe,
Enfrentando um medo que só dentro de mim persiste.
Vou me guiando pelo coração, pois a razão já não enxerga, de tanto receio criado em vão.
Vou me deixar enfeitiçar, vou deixar me levar,
Vou deixar a onda me arrastar...