CAIXEIRO-VIAJANTE DE ILUSÕES
Entre o céu a terra e o mar
há todo o infinito
território inóspito
onde habitam os meus medos
a fonte desses meus modos
nem sempre cordiais
Entre mim a vida e você
há muito mais que dúvidas
há uma taça de veneno doce
um brinquedo escangalhado
desde o tempo de criança
uma flor que murchou
dentro de um livro
e que se desfez em fragmentos
feito os cacos de vidro
da taça que lancei
ao meio da rua
em noite já amanhecida
e chuvosa de reveillon
Do lado de dentro
da minha metade obscura
talvez se encontre a vontade
de redescobrir a jóia rara
levada pela tempestade
que transbordou a baía da Guanabara
afogando os meus planos e sonhos
e tornando-me o que hoje sou
caixeiro-viajante de ilusões
vendidas a atacado e a varejo
à vista ou à prestação
depois cuidadosamente anotadas
poesia a poesia
em um cartão azul clarinho
que se não é lá ainda o amor
já é um tanto quanto de carinho. . .
- por JL Semeador de Poesias, o José Luiz de Sousa Santos, na madrugada carioca da Lapa, em 18/09/2013)