Laços Infindáveis
Eu vejo bem nítido: a alegria irretocável por todos os dias,
entre beijos inesgotáveis e sinceros abraços.
Eu sinto a reciprocidade, e digo com notoriedade: a casa
sorri abertamente por todos os minutos, na firmeza dos seus passos.
Eu vejo sonhos tão longínquos! Lindos jardins longe do meu alcance.
Mas, em torno de mim, vislumbro com entusiasmo uma rara flor.
Inexistente em outros terrenos, mas que surge nos mais rigorosos invernos,
com pétalas em contornos perfeitos, decorando as dependências de um grande amor.
Eu vejo através de uma camada espessa: um recanto lindíssimo,
onde os milhares de pássaros batem as belas asas com tranquilidade.
Crianças à beira dos límpidos lagos, em admiráveis e sinceros afagos,
e mais adiante: expressões contempladas pela nobre serenidade.
Eu vejo por esses dias repetitivos: abismos serem extintos
continuamente. Cantos mórbidos e aterradores, sucumbindo
à infinita esperança. Águas fervorosas na conturbada lembrança,
tornando-se calmas em poucos minutos. Em curso às claras, ressurgindo.
Eu vejo nesse momento: uma parte do imenso e misterioso céu,
com dezenas de Sois, que fazem companhia à Lua enigmática
E nessa ação do enxergar, todos os dias eu me pergunto:
de onde eu vim? O que serei nesse infindo cosmos, de verdade tão enfática?
Eu vejo tanta coisa: mas isso, torna-se um oceano de nada!
Cada centímetro cúbico de oxigênio que respiro, equivale nesse segundo:
a uma porção duvidosa despejada a esmo. E contudo, eu sigo assim mesmo,
de peito aberto. Pois tenho laços infindáveis nesse complexo mundo.
Alexsandro Menegueli Ferreira- 03 de Julho de 2013