AMEI-TE, SIMPLESMENTE. . .

(". . . foi então, que da minha infinita tristeza aconteceu você. . ." - Tom Jobim)

Amei-te,

pendurado em árvores desfolhadas

e nos balaústres dos bondes,

de cabeça para baixo;

ao som de tangos trágicos,

em bares sujos nas madrugadas,

frio e chuva de início de agosto;

correndo, sem camisa e descalço,

pela faixa seletiva da avenida brasil,

sem temer os ônibus loucos

que trafegavam em alta velocidade;

escalando a mais íngreme encosta do pão de açúcar,

enquanto jogava no bicho,

tigre na cabeça e cercado pelos sete lados;

aos berros, depois do Brasil ter perdido a copa de cinqüenta,

apesar de ser apenas um bebê esfomeado,

em época esquecida da pré-história;

quando, por pura preguiça, esqueci de tomar banho,

naquele dia em que o sol nasceu,

mas, a noite insistiu em não ir embora.

Amei-te,

simplesmente,

como agora. . .

- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador, na madrugada da Lapa, com a clara intenção de fazer um poema sobre os lugares comuns do amor –