SIMPLESMENTE AZUL
Por não podermos pintar de azul as feias ruas
Decidimos, pintar de azul nossos sapatos
Depois, vestimos os gestos mais insensatos
E colorimos de azul as minhas mãos e as tuas
Para extinguir de nós o azul ausente
E aprisionar o azul nas coisas gratas
Derramamos, em festa, solenemente
Azul sobre teus vestidos e minhas gravatas
E afogados em azul nem nos lembrávamos
Que no excesso de azul que havia pelo espaço
Havia azul até no nosso abraço.
E perdidos no azul nos contemplamos
E vimos que na noite nascia um sol ao sul
Vertiginosamente azul, azul, azul, azul. . ..
- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador, na Lapa, num dia profundamente azul –