AGORA EU SEI

As nossas dores de amor sempre beiram a morte, somos sempre vítimas de um golpe de falta de sorte que sequer materializa, e só provoca a cobiça do querer de outro alguém.

Nossa tristeza é sempre mais profunda e cruel, e as lágrimas quase o próprio fel.

A solidão sempre a mais triste.O coração é aquele que nunca resite.

O choro imita a convulsão.

Definitivamente não estamos prontos para ouvir "não".

Foi este sofrimento que me mostrou esta verdade.

Agora eu sei, e este saber tão desnecessario jamais me fez falta,

porque os desejos ainda estão à minha volta.

Este saber não me trouxe a felicidade que gostaria, nem o contentamento que precisaria.

Agora eu sei que poderia ter te amado de outro jeito, desconsiderando todos os preceitos.

Agora eu sei e sei de verdade, que só o ensaio não vale,o querer não basta.

Agora eu sei que poderia ter usado mais ousadia.

Ter me valído de lembranças menos vazias.

Agora, só agora que eu não sinto mais teu cheiro, que não sou atravessada pelos teus olhares.

Teu nome não carrega tua presença.

Lembro-me quando tua voz me causava arrepios, como quem acaba de sair de um banho quente e se arrisca na serena noite molhada de orvalho.

E a saudade parece varrer minha memoria, retirando fatos recentes que alimentavam meu desejo,

Agora eu sei, como alguem que acaba de descobrir um segredo, como alguem que fica perplexa diante do proprio segredo,.

Agora eu entendo que os sentidos só se revelaram para mim, que teus lábios nunca pronuciaram um "sim" ou pelo menos um talvez.

Não resta nenhum pilar que sustente esse meu castelo, em vão construido,esse meu falso abrigo, que jaz desmoronado.

FLÁVIA PINHEIRO
Enviado por FLÁVIA PINHEIRO em 24/05/2013
Código do texto: T4307592
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