REFLEXÕES SOBRE O TEU (E O MEU) DESEJO

Desejo o teu desejo

escondido,

o teu outro lado

obscuro,

os teus enganos,

a tua fragilidade

humana

e bonita.

Não desejo o desencontro,

que me afasta

do teu desejo;

a impiedade do não,

que se emprenha

em negar-me

tua mão

para um passeio,

juntos e ousados,

pelas ruas

da minha cidade.

Não desejo o tédio,

morte de todos os desejos;

lento passar de horas

inúteis e vazias;

fonte das sombras

que enodoam

as almas.

Desejo os dias de outono,

que tardam,

com suas sombras alongadas:

dos pensamentos

e dos objetos;

noites intensas,

onde o silêncio é vivo

e o desejo arde.

- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador, na Lapa, em 25/02/2013 -