UM REI
 
 
 
Em baixo d’um supupira-do-campo,
Num serrado, a céu aberto me sentei.
Ali a minha amada chegaria,
Por isso feliz da vida esperei.
De segundo a segundo olhava
O relógio que do meu amor ganhei.
 
O tempo passava bem rápido.
E os ponteiros do meu relógio
Pareciam não querer acompanhar.
E nessa espera via já aflito,
A hora em que o tempo ia parar.
Blasfemei então: Oh! tempo maldito.
 
De segundo a segundo eu cantei;
De segundo a segundo eu chorei;
De segundo a segundo eu rezei;
De segundo a segundo eu chamei.
Quando afinal o meu amor chegou
Senti-me o dono do mundo. Um rei.