VIAGEM INSÓLITA
[...] essa beleza inata que a natureza te contemplou,
e a essência florida que exala teu ser atrevido
reluz incessantemente em meu mundo pávido
tua natureza abstrata, mística, às vezes, perdida!
Por ela navego em brumas, e por teus negros olhos
viajo ao encontro de teus desejos, tua essência,
tuas angustias perdidas no azul anil do infinito...
Nesta viagem insólita - romaria de um ser subsumido -
caminho ao encontro de teu inconsciente inerme,
habitat de teus desejos sacro-profanos reprimidos.
Nele, procuro elementos místicos que decifrem
os teus mais profundos sigilos enigmáticos,
ora inaudíveis à percepção dos que percorrem
o labirinto nublado e febril de tuas paixões.
Lá -reza a lenda – “aquele que se aventura e se arrisca
cai mortalmente ferido, expurgado por seres malignos”
os mesmos, simplesmente os mesmo que aprisionam,
sufocam e tentam destruir o teu agido coração!
Fugindo dessas armadilhas, sem, portanto, desistir
enveredei rumo às montanhas em busca aos Oráculos.
Revivendo a eles - em confissões - minhas inquietações a ti
revelaram-me –através de idílios – o enigma que busco
e, logo vi resplandecer à luz do meu destino pleno,
agora Irradiado e florido por teus olhos pequenos.
Retornei buscar o sonho perdido, quiçá impossível:
viver esse amor proibido; sentir na tez do coração
o calor do teu corpo despido, o pulsar da vida em floração,
e domar sem pudor tua alma renegada e incompassível!
Com o espírito revitalizado na Esperança,
adentrei sem temor junto à cinzenta floresta sombria
que faz cárcere o teu coração despido de cor e alegria.
Enfrentando intempéries - adversidades de temporais -
eis que encontrei meu destino a reluzir na esperança!
E, dele ao me aproximar, vejo surgir, em sua defesa,
os lendários algozes, espíritos malignos, temíveis dragões!
Mas com minha espada os enfrentei sem temor,
e acreditando no impossível, zombei da utopia
e os fiz tombar!
Enveredei-me em lutas a procura desse tesouro perdido.
Sujeitei-me as mais difíceis situações imagináveis. Resisti!
Porém, [...] tudo em vão, pois em teu coração combalido
encontrei habitando o pior de todos os monstros:
a biltre, voraz e "infeliz solidão".