DESTINO INGRATO
A deriva em alto-mar, a beira de um naufrágio
pensei ser um sonho, talvez um presságio,
mas a realidade teimou em se firmar!
Logo, nuvens de temporais se enunciaram
e nelas, vi o reflexo de tua linda face.
Indício de minha insânia ou armadilha da ardentia?
Vivenciando a fragilidade da esperança,
sinto eclodir do seio funesto que me cerca
uma histeria veraz, fúnebre, ímprobo e seca
que possuiu-se de minha pobre consciência exígua,
revelando o meu ser lúrido, “fracassado”,
talvez inocente, ignoto, fragmentado.
Ladeado pela presença fria, de um ser sombrio
que viaja oculto na voraz procela que se levanta
vejo no céu o reflexo de meus temores a qual recanta:
o sentimento de não poder encontrar minha sorte,
unir nossos corações; fugir de quem me espreita, a morte!
Rios em forma de fogo começaram a lampejar
o âmago do negro céu de meus sonhos.
E, logo adiante, vejo das turvas águas surgir,
redemoinhos gigantescos a ceifar meu pobre destino.
Indefeso agora na repugnância do momento
Faço ressoar a voz do meu pranto. E como milagre,
a esperança renasce no meu amor por ti...
Canto então os meus desejos em versos,
o amor vassalo que carrego comigo,
refugiado no espírito de minha insólita solidão...
Em plena bonança que agora se reveste o oceano,
seres das profundezas vejo surgir:
Um tríade místico, portadores do meu dano!
Serão eles guardiões de Nereida?
Oh, destino ingrato!
Poupaste minha vida àquela que não amo!