DESTINO INGRATO

A deriva em alto-mar, a beira de um naufrágio

pensei ser um sonho, talvez um presságio,

mas a realidade teimou em se firmar!

Logo, nuvens de temporais se enunciaram

e nelas, vi o reflexo de tua linda face.

Indício de minha insânia ou armadilha da ardentia?

Vivenciando a fragilidade da esperança,

sinto eclodir do seio funesto que me cerca

uma histeria veraz, fúnebre, ímprobo e seca

que possuiu-se de minha pobre consciência exígua,

revelando o meu ser lúrido, “fracassado”,

talvez inocente, ignoto, fragmentado.

Ladeado pela presença fria, de um ser sombrio

que viaja oculto na voraz procela que se levanta

vejo no céu o reflexo de meus temores a qual recanta:

o sentimento de não poder encontrar minha sorte,

unir nossos corações; fugir de quem me espreita, a morte!

Rios em forma de fogo começaram a lampejar

o âmago do negro céu de meus sonhos.

E, logo adiante, vejo das turvas águas surgir,

redemoinhos gigantescos a ceifar meu pobre destino.

Indefeso agora na repugnância do momento

Faço ressoar a voz do meu pranto. E como milagre,

a esperança renasce no meu amor por ti...

Canto então os meus desejos em versos,

o amor vassalo que carrego comigo,

refugiado no espírito de minha insólita solidão...

Em plena bonança que agora se reveste o oceano,

seres das profundezas vejo surgir:

Um tríade místico, portadores do meu dano!

Serão eles guardiões de Nereida?

Oh, destino ingrato!

Poupaste minha vida àquela que não amo!

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 04/02/2013
Reeditado em 04/02/2013
Código do texto: T4122661
Classificação de conteúdo: seguro