INFÂNCIA

INFÂNCIA

Tinha brincadeira,

tinha cachoeira,

tinha a vida inteira,

só para brincar.

Vinha a cabra cega,

a bola de meia,

pique e bandeira,

esconde-esconde,

pra ninguém achar;

via a lua cheia,

rei, general, conde,

super-herói; voava

com os passarinhos,

na pipa colorida;

escola para estudar,

ilustres vizinhos,

indo para a lida,

me fartava de sonhar.

Ciranda girava incauta,

passava o anel,

como me faz falta,

meu particular céu;

o tempo foi mudando a trama,

refazendo a história geral;

ficaram as frutas tiradas

no fundo do quintal;

minha mãe não mais me chama,

para a realidade malvada;

para o viver adulto,

e quase me surto

de lembranças amenas;

uma época apenas;

eternizada na mente,

não sei, porque cresce a gente,

pois a gente é criança,

até se acabar.

[gustavo drummond]