Feridas Abertas

Ao segurar a rosa desfolhada

Livra de todo pudor a morte,

Não é a sombra do medo

E tão pouco o medo da solidão.

A raiva contida no sorriso

E as palavras sutis,

Que marcam os desejos

Recusados pelo coração.

É teu suor, fedido, mórbido,

De quem não lutou, não desejou revolução!

É o espinho que sangra minha mão,

Quase estragando o macio das pétalas.

Morte certa pela beleza

Da vida, de um amor,

Trancado com medo de voar!

Pois o vento não consegue levar o sangue

Que seco sobra-lhe o chão.

Não faz brotar vida nova

Tão poucos sonhos belos,

Apenas cicatrizes de dias secos

Aonde a beleza das flores não curou.

Feridas abertas, não cicatrizam,

Mesmo feitas pelo amor.