Espelho

Pelo instante tão sonhado, num lampejo,

eu vejo o sim do seu sorriso enquanto falo.

Só não vejo com clareza o seu desejo.

A incerteza me amedronta e eu me calo.

A dúvida do sonho revela o meu tormento.

O pensamento viaja rumo aos desejos seus.

Tento tocá-los, mas todos vão-se ao vento

e nesse momento eu vejo, só os desejos meus.

Talvez sejamos, de desejos, um só espelho

e seja o zelo, da distância, a maior razão.

O sonho alimenta o que o corpo deseja;

o corpo lamenta quando a mente diz, não.

E vamos os dois a percorrer mudos caminhos:

um mundo de ausências, emaranhado à ilusão.

Por lados opostos e corpos tão sozinhos,

somente a dor segue unindo essa paixão.

zino mendes
Enviado por zino mendes em 17/08/2012
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