Inacabado!
Isso mesmo, assim que sou,
de tanto que me acabo em querer, em lutar,
em aprender, em me inventar.
De prazer me acabo todo, no amor, até acabar.
E mesmo que acabe em dor, me acabo de tanto amar.
De sonhar também me acabo, me acabo a cada encanto,
pelos cantos, pelos prantos derramados, nos caminhos que eu faço, me acabo... pelos desertos que passo, me acabo em cada passo, em cada laço, para entender a secura, o desafio... E na tristeza, no vazio, em cada agrura,
me acabo atado à crença: doença também é cura...
De viver me acabo um tanto, intenso, imerso,
me acabo em cada verso de poesia que eu tento,
o tempo todo, me acabo todo tempo.
De alegria, me acabo a cada dia, a lamber cada segundo,
me acabo em cada gota, em cada beijo,
em cada abraço, em cada gesto, em cada mundo
de momentos, simples momentos, me acabo em pensamentos,
me acabo... me acabo por ser feliz
e por ser inacabado...
E quando, ao cabo de tudo, tudo acabar em luto e o luto acabar em fruto...
Bem, aí já é outra estória, sem hora para acabar.
Melhor acabar assim,
inacabado...